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Dia 1º de maio se comemora o Dia do Trabalhador, e nada mais especial para representar essa data que uma entrevista com alguém que atua em uma das profissões mais antigas do mundo, o Professor. Há 25 séculos, o filósofo grego Sócrates foi professor de Platão, ele não ensinava em uma escola convencional, ele usava espaços públicos como praças e ginásios para compartilhar seus conhecimentos, levando o público a grandes reflexões.
A professora que vamos apresentar chama-se Edneia Almeida e há 12 anos trabalha como professora concursada na FIEB/ITB. Formada em Análise de Sistema e Tecnologia teve seu primeiro emprego na área de programação, porém não se encaixava, sentia falta de trabalhar em um lugar com mais diálogo, com mais interação entre as pessoas, mais gostava do setor de tecnologia, e entendeu que fazer licenciatura poderia ser uma opção para sua carreira. Nascida em Ourinho, veio para São Paulo em 2007, e em sua chegada já começou a trabalhar como professora na FITO, escola técnica estabelecida em Osasco, ali lecionava informática para crianças e adolescentes, e sentia prazer no que fazia.
Em 2009 prestou concurso na Prefeitura de Barueri para atuar como professora do ITB, escola técnica da cidade, foi aprovada e em 2010 iniciou sua carreira como educadora na cidade.
JNO - Por que você pensou que a sala de aula podia ser o trabalho ideal para você que já atuava na área de programação tecnológica?
Edinéia - Eu sempre fui uma pessoa comunicativa, que gosta de estar entre pessoas, interagindo e trocando experiência. E a área de tecnologia não é um lugar onde as pessoas possuem tanta troca, é um ambiente de trabalho mais frio, onde as pessoas estão sempre muito concentradas e interagindo pouco. Procurei dentro da minha profissão algo que tivesse esse lado mais interativo, e entendi que a sala de aula podia ser esse lugar, foi então que decidi fazer a licenciatura, e desde quando comecei o curso fui tendo a certeza de que esse era o meu lugar.
JNO - Qual foi a maior dificuldade que você encontrou nessa mudança profissional?
Edinéia - Eu pensava que dar aula era coisa fácil, que tiraria de letra, mas foi um grande engano. No meio do meu primeiro ano letivo como professora já estava com problemas de saúde devido a correria e aos esforços necessários para dar uma boa aula, procuro ser a melhor professora que posso e isso gera um desgaste físico e mental muito grande. Muita gente pensa, “Nossa mas são só quarenta minutos de aula e acabou” e isso não é verdade, para você conseguir dar uma aula de quarenta minutos você precisa de horas sentada preparando a aula, pensando na melhor maneira de passar esse conteúdo, na forma mais dinâmica e que vai prender a atenção dos alunos. Além disso, muitas vezes um professor dá aula em até três turnos em colégios diferentes para conseguir ter uma renda que supra as necessidades.
JNO - O que te motiva a continuar lecionando?
Edinéia - Todos os dias um professor vive momentos e sentimentos dentro da sala de aula. Ser professor é conseguir a atenção real dos alunos durante uma explicação, é trazer para junto de você aquelas diferentes personalidades. Mas eu vejo muito além disso, eu vejo que ensinar, educar é mudar a vida das pessoas. Meus alunos são adolescentes que trazem consigo não só as dúvidas das matérias, mas também seus medos, frustrações, problemas e eu como professora preciso olhar para cada um de forma diferente, trabalhar com cada um deles na sua essência para conseguir ter êxito na minha missão. E esse desafio diário é minha motivação.
JNO - Você conseguiu ao longo desses anos criar vínculos com seus alunos, ao ponto de as relações seguirem até hoje?
Edinéia - Os laços criados em sala de aula muitas vezes são tão fortes e verdadeiros que saem da escola para vida, exemplo disso são alguns ex-alunos que tenho que já se formaram há mais de 7 anos e que ainda nos encontrarmos, marcamos almoço, viramos de fato amigos e fico feliz em saber que contribuí de alguma forma na construção de suas vidas.
JNO - Você é da área da tecnologia, e no ano de 2020 o Brasil se viu obrigado a fazer adaptações tecnológicas inclusive na área da educação, onde as aulas deixaram de ser presenciais e passaram a ser online. Como foi pra você viver essa mudança?
Edinéia - Essa experiência teve seus prós e seus contras, a pandemia mostrou que é possível um ensino a distância, porém a maturidade do aluno faz a diferença, e foi a falta dessa maturidade, autonomia e até de responsabilidade que muitos não se adaptaram. E além disso tem a questão do convívio social que na infância e adolescência são importantíssimos para o desenvolvimento. A prova disso é que hoje tenho muitos alunos vivendo crises emocionais causadas pelo distanciamento da pandemia, o que nos mostra que para eles o ensino presencial é fundamental. Contudo ficou claro que para alguns cursos, modalidade e faixa etária vale a pena o ensino a distância, vivemos em um mundo super corrido, em que o tempo é nosso maior inimigo, e poder estudar sem grandes deslocamentos e com horários flexíveis é muito benéfico.
JNO - Como está sendo esse retorno?
Edinéia - A escola como instituição deixa claro que o acolher e entender o aluno nesse primeiro momento é o mais importante desse retorno. Esse primeiro semestre estamos aplicando conteúdo, mas também observando de que forma a turma reage a essa volta. O que eu conseguia fazer há 3 anos atrás eu já não consigo hoje, tudo ficou mais lento e mais repetitivo, eles estão menos focados no processo de aprender, mas a culpa não é deles é um processo lento e adaptativo, a escola como um todo vive hoje um processo difícil mas que se todos trabalharem no mesmo objetivo será superado.
JNO - Você tem ex-alunos que já estão atuando na área ? Como você se sente?
Edinéia - Tenho vários alunos atuando na área, outros estão fazendo faculdade federal. Tenho uma ex-aluna que hoje está estagiando na UBER na área de TI e está super bem, ela está fazendo faculdade na UFSCAR (Universidade Federal de São Carlos), e isso me deixa muito orgulhosa, saber que formei profissionais de Tecnologia, sou uma trabalhadora formando novos trabalhadores.
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