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O Dia das Mães é uma data marcada por muitas homenagens, presentes e declarações de amor. Mas na maioria das vezes não conhecemos a história da Mãe que está ali recebendo uma série de mimos.
Por isso hoje nós vamos apresentar para vocês a história da Adriana Augusto, nascida na cidade de Barueri e mãe solo do Fábio Augusto desde que ele tinha 4 anos, funcionária pública e que com toda dificuldade que a vida lhe impôs conseguiu realizar o sonho do seu único filho, custear os estudos dele em medicina.
A história da Adriana é igual a de muitas mães assalariadas que se sacrificam e abrem mão de si, para ver a vitória dos filhos. Para muitos seria impossível o filho da recepcionista se tornar médico! Mas para ela essa palavra nunca existiu e com todo seu esforço e dedicação, muitas vezes contando com a ajuda da família, ela conseguiu provar que tudo é possível.
JNO - Como foi para você se tornar mãe?
Adriana - Eu tive o Fábio com vinte e cinco anos, e foi maravilhoso poder realizar o sonho de ser mãe. Quando ele tinha quatro anos, eu e o pai dele nos separamos, e desde então minha vida girava em torno dele. Ele sempre foi uma criança calma, amorosa e estudiosa, sempre estudou nas escolas municipais, e sempre me deu muito orgulho. Mas não foi fácil, mesmo com a pensão do pai, era eu quem supria a maioria das necessidades que são muitas principalmente na infância e adolescência, então tudo que eu fazia e ainda faço sempre foi pensando no bem estar dele.
JNO - Acredito que é o sonho de toda mãe ver seu filho bem na vida. Como foi pra você quando o Fábio chegou e contou que queria ser médico?
Adriana - Foi um misto de alegria e preocupação, eu não sabia como seria custear uma faculdade tão cara, mas mesmo com essa insegurança apoiei desde o início. Ele fazia ITB e já entrou no cursinho para tentar passar em uma universidade pública. Ele saia cedo de casa, levava a marmita dele e só retornava às 23h. Ele se esforçou muito, e eu sempre dei todo o suporte para que ele seguisse o caminho que ele escolheu. Desde o inicio sempre foi eu por ele e ele por mim.
JNO - Quando o Fábio foi aprovado na universidade, como foi pra você?
Adriana - Gente eu fiquei tão feliz e orgulhosa dele, foi uma realização sem igual. Ali eu sabia que precisava fazer minha parte para que ele conseguisse completar mais uma etapa da vida dele.
JNO - Fábio você quando escolheu cursar medicina tinha consciência de como seria difícil para sua mãe te manter?
Fábio - Eu sempre fui um aluno muito dedicado, e sempre tive o sonho de ser médico, então eu sabia que eu precisava estudar acima da média para conseguir cursar medicina, e desde que eu entrei no cursinho para me preparar para o vestibular, minha mãe esteve do meu lado me apoiando e me dando todo suporte. Quando passei na universidade federal e me dei conta que estudaria em Presidente Prudente, pensei que seria difícil seguir, pois apesar de ser uma universidade pública eu precisava me manter em outra cidade com moradia, alimentação, além dos custos do curso, e eu não tinha como trabalhar pois estudava em horário integral. Eu sempre tive a noção de que seria um sonho difícil de realizar, mas a minha mãe é a mulher mais incrível que eu conheço, ela nunca me deixou desistir, ela sempre me encorajou, sempre me deu forças e condições para estudar. Era complicado para mim ver que ela muitas vezes deixava de fazer algo pra ela, pra fazer pra mim, só que ela não aceitava que eu dissesse não. Sem a minha mãe eu jamais teria chegado até aqui.
JNO - Sua mãe fala que vocês sempre se apoiaram, que sempre foi um pelo outro. Como foi para você se separar da sua mãe para estudar em outro estado?
Fábio - Eu nunca tinha passado mais que alguns dias longe da minha mãe, ela sempre foi minha companheira, amiga, meu porto seguro, ir estudar em outro estado foi um desafio, na verdade foram vários desafios. Primeiro tinha a distância, eram 600km que nos separavam, tinha a questão de como eu ia fazer para me manter em outra cidade, porque durante a faculdade é impossível trabalhar. Foram vários pontos que só consegui superar graças a ela, que mesmo com dor pela minha partida estava sorrindo e me encorajando a seguir em busca do meu sonho.
JNO - Agora quero saber da Adriana qual foi sua maior preocupação nesse período que seu filho esteve na universidade?
Adriana - “Minha maior preocupação sempre foi que nada faltasse para ele, e não deixar ele perceber as dificuldades que ela passava aqui. Às vezes eu precisava comprar um sapato, ou qualquer item de necessidade, mas eu não comprava pra mandar o dinheiro pra ele, porque eu aqui em Barueri tenho meus familiares que naquela situação me ajudariam se necessário, e ele lá não tinha ninguém. Quando mudava o semestre eu já sabia que teríamos gastos com as apostilas, eu já dava um jeito, fazia empréstimo, me apertava ainda mais, e comprava o material. Ele não tinha como trabalhar, se eu não ajudasse o que ele iria fazer? Eu faria tudo outra vez quantas vezes fosse necessário para vê-lo feliz”
JNO - O curso de medicina é um curso caro e pouco acessível, digamos que para filhos de pais assalariados. Você já chegou a se questionar se conseguiria custear até o fim esse sonho?
Adriana - Eu já ouvi “Nossa você é recepcionista e seu filho é médico”, “Você não parece ser mãe do médico”, já ouvi muita coisa que só me mostrou que eu fiz a coisa certa. O filho da recepcionista venceu e agora é médico! Cada esforço, cada dificuldade, cada empréstimo, tudo que abri mão nesse período valeu a pena demais. Ser mãe é isso, dar a vida pelo filho, é abrir mão de si por eles, e tenho certeza que fiz o meu melhor como mãe.
JNO - O Fábio se formou em 2021 e já está trabalhando como médico concursado em Barueri. Conta pra gente como foi esse dia para você?
Adriana - Passou um filme na minha cabeça, eu olhava para ele ali e só lembrava de como foi tudo desde o começo, e ao mesmo tempo eu estava em êxtase de ver meu filho ali se formando em medicina. Confesso que precisei assistir o vídeo depois porque eu não lembrava de muita coisa, eu estava muito emocionada. Naquele dia eu revivi todos os dias da minha vida desde a chegada do Fábio, aquele dia eu percebi que eu tinha vencido todas as dificuldades e que meu dever tinha sido cumprido.
JNO - Fábio deixe uma mensagem para sua mãe
Fábio - Sou eternamente grato a minha mãe pelo que sou, tudo que mais peço na minha vida é ter o coração que ela tem, ela é generosa, humilde, amorosa e uma mãe, filha e amiga muito dedicada. Metade do médico que eu sou é reflexo dela, eu busco com todo meu coração compensar a ela tudo que ela fez por mim, eu quero retribuir da melhor maneira possível tudo que ela fez e faz por mim. Mãe eu te amo e agradeço a Deus pela sua vida!
Assista no instagram alguns trechos dessa entrevista emocionante sobre a Adriana, uma das milhares de mães guerreiras de Barueri.
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